quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fogo queimado


Sabe, querido, aquelas marcas que você tinha me deixado. Aquelas mesmas marcas pelas quais o roxo ainda doía ao tocar aquela região, pois é, hoje minhas marcas são piores. As marcas que levo hoje não são simples escoriações de pele. As marcas que tenho no meu corpo agora, são de dor. São dores de ferro quente, papel amassado, fogo queimado. E pra ser sincera, as marcas agora não doem apenas com o seu toque, mas doem também com suas palavras, com suas atitudes e com a sua ausência. E dói tanto, que chega um ponto de loucura, chega ao ponto em que a dor é tanta que começo a alucinar, viajar, ver coisas. E imagino que você também sinta essas marcas, esses ferimentos, mas que não são feitos por mim. São feitos por aquela que não te ama, que te usa e te abusa. E eu simplesmente, fico aqui, me marcando por você, te vendo sofrer e me fazendo sofrer. E mesmo te querendo eu prefiro me manter distante, distante do que me machuca, do que me faz chorar. Mas eu ainda penso em ser teu fogo queimado, teu cheiro desgastado, teu mundo desajeitado, teu caminho, teu encontro, tua perda. Eu ainda anseio por ti. Eu ainda me firo por ti, porque não houve ainda alguém que se ferisse por mim.

Emily Cohen

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