quarta-feira, 30 de maio de 2012

Esgotamentos


O gosto amargo ainda está em mim. O medo ainda arde na garganta junto com a fumaça e a esperança se queima junto com o cigarro. As cinzas são as alegrias, não sabia o gosto amargo do fim. E como um cigarro sem intenções de ficar acesso por muito tempo, foi o nosso romance. O nosso caso, ou descaso... E então se apagou, virou bituca, ficou pequeno demais pra se manter acesso. O vento levou as cinzas de alegrias, a terra decompôs o nosso romance e a chama finalmente se foi. Mas o gosto ficou. O gosto singelo e o ardor e a dor ficaram. E demoraram pra passar. E, então outro cigarro foi acesso e como um ciclo, um vicio se criou. Não havia modo de parar, era relaxante mas passava rápido. Não havia intenções de ser pra sempre, não havia pretensões de ficar. E o masso acabou. E você não voltou.

Emily Cohen

domingo, 13 de maio de 2012

Esquecido

E eu estive lembrando, enquanto você me esquecia. Eu sobrevivia, até o dia que não quis mais estar sozinha, lutei, e morri por mim, e agora vivo. Vivo com força, com ardor, vivo por mim. E eu estive lembrando do mesmo modo que você me esqueceu, hoje sou eu que te esqueço, sou eu que não me lembro mais do seu rosto, sou eu que não me lembro do seu jeito. E deste mesmo modo que você me esqueceu, eu te esqueci. Eu aprendi a esquecer. Eu aprendi sozinha á viver e á morrer. Não me desfaço de lembranças boas, me desfaço das ruins, das dores e dos odores. Me desfaço do amor e da dor que um dia senti por ti. Esqueço, e assim me engrandeço de novas fontes de alegrias. O seu sorriso não é mais tão quente como costumar ser quando eu te amei, quando eu me lembrei. E por mais incrível que pareça, hoje fecho os olhos e não me lembro da dor, não me lembro de você, não me lembro de chorar, hoje quando fecho os olhos a única coisa que me vem é paz.

Emily Cohen

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O vento frio


E o vento frio bateu, e ardeu entre os dentes, ardeu no meio das articulações, ardeu no coração. Eu estava acostumada com o frio anterior, mas esse frio que veio com o vento doeu. Doeu fundo, ardeu. Eu tinha me acostumado com o meu frio, mas aí você apareceu e me mostrou o seu frio, e me congelou. Esfriou bem mais do que já havia esfriado. E junto com aquele vento gelado veio o medo, que eu já não sentia tanto, mas voltou, veio também a angústia e a saudade, que eu já não lembrava como era. Veio a vontade do seu abraço e do seu carinho. Veio a vontade do coração disparado e o frio na barriga. E a tortura do vento vem doída sem seu calor, vem doída sem a sua presença. E está martelando no coração.

Emily Cohen

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Assim como ontem

Agora, eu queria entender o que se passa dentro do meu ser. Meus pensamentos, meus medos, meus desejos e meus anseios. Então, eu quis saber o que acontecia aqui dentro, o por que de tantos pensamentos, o por que dos medos, e dos desejos. Eu não sabia exatamente o que queria. Queria você, queria a mim, queria a nós, queria um eu. Só queria estar junto e ao mesmo tempo longe. Queria estar junto e ao mesmo tempo separado. Era estranho, divertido, gostoso e maldoso. Queria você o tempo todo e não conseguia desvendar. Queria nós, mas não conseguia mentir a mim mesma. Até que saiu, saiu pelos olhos, saiu pelo tato, saiu pelo olfato, saiu por mim e saiu por você.
Eu sei que amanhã você nem se lembrará de mim, nem lembrará o que falou ou o que houve entre nós. Mas só eu sei o quanto eu me senti viva novamente. O que há muito tempo eu não sentia, era alegria, calor, muito medo, mas muita felicidade, passageira, mas mesmo assim felicidade.
Só me diz se amanhã não será tudo igual, se amanhã não vai voltar à sua rotina normal, ai seu desespero casual. Diz se amanhã você pensará em mim, assim como disse que pensava em mim. Assim como me iludiu. Será que foi ilusão? Ou será que foi só um sonho? Amanhã a hora que eu acordar tudo ficará como estava antes: tristeza, frieza, monotonia e desespero.

Emily Cohen