quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Justamente pra ser livre

Eu, cá tentando escrever uma novela de época, me peguei olhando o céu. Céu este que estava cinza e com nuvens carregadas. E de repente me distraí com um pássaro voando livre e sem medo de cair. Olhei o horizonte e vi mais alguns pássaros voando ao longe. Imaginei que era um, fechei meus olhos e pus-me a sonhar. Voei livre entre as nuvens e as ondas do mar. Hora me acomodava no sereno algodão das nuvens, hora me balança no vai-e-vem do mar, outrora sentia o roçar das árvores em minhas penas. Mas sentia livre, sentimentos puros e livres. Batia asas e quando não, deixava as correntes de ar me planarem. Podia encostar no mar, no céu e na terra. Voar de um litoral ao outro, ou de um continente ao outro. Podia voar livre, vivenciar novos ares, conhecer novos povos, viver novas vidas, fazer velhos amigos, encontrar novos passados. Viver, sentir, voar livre. Mas abri os olhos, e ainda me sentia um pássaro, mas sem poder voar. Olhei pela janela com grades e me senti em uma gaiola. Eu cresci com a natureza de pedra. Olhei pro céu, as nuvens que agora descarregavam suas mágoas em gotas de chuva, gotas essas que por entre as grades da janela molharam meu papel. E troveja e relampeava também, dando a impressão que a vida passava rápida demais por nós.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Castelo encantado

E de repente, eu me perdia em meio aos teus olhos e aos teus sonhos, me perdia em meio aos teus abraços apertados. Não sabia o que queria, mas estar ali contigo me satisfazia. Morria e vivia aos teus pés, e não fazia parte da história me apaixonar por ti. E meus atos foram começando e terminando como uma grande peça teatral e de repente, já não havia começo, meio e fim. De repente me vi vidrada em algo além de mim, alguém melhor que eu. Me dava força pensar em caminhar ao teu lado. Me recriava e me reinventava toda manhã pra te ver sorrir, mudava tudo em mim só pra não ser monótona pra ti. Eu vivi esse romance, mergulhei nas ondas mais selvagens do teu mar, e nadei até chegar a ti. E me vi parada ali em frente ao teu ser, parecendo um rei, me curvei aos teus pé pra me sentir mais digna de tudo. E como um ser magnifico você se curvou aos meus pés também, e me fez levantar o olhar até o seu. Me fez levantar e sorrir. Me levou na torre alta de sua fortaleza e me fez ver as estrelas e o mar, talvez não fosse mar, talvez um lago grande, mas me fez sonhar. E a noite simplesmente andava e corria entre nós. E finalmente me cobri de teu amor até meu ultimo suspiro em leito de morte. E vivemos nossos suspiros finais de um amor sereno, de nosso amor supremo. E de repente, não mais que ausente, me senti voar pelo céu e senti você tocar minhas mãos, e morri. Feliz, serena e tão plena desse amor que vivi.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Nosso fusca detonado, nosso amor vivenciado

Que tal a gente pegar o nosso fusca e rodar por ai? Ir até o fim da estrada ou a uma praia, ver o pôr-do-sol ou o nascer dele, escalar uma montanha ou esquiar na areia. Ver o fim do arco-íris e morrer de rir embaixo de uma cachoeira. Que tal contarmos os passos entre uma fronteira e outra ou colorir uma parede branca? Talvez dar a volta ao mundo em 60 dias, ou dar uma volta em volta da casa em 60 minutos. Quem sabe voar de balão e conhecer uma aldeia indígena. Conhecer o litoral, e ver o mar e o luar. Quem sabe deitar no chão de um chalé no meio da Amazônia ou se banhar no rio Tietê. Talvez possamos vivenciar a corrida do cotidiano na selva de pedra de São Paulo, ou conhecer a calmaria das festas da Bahia. Talvez pular de paraquedas ou voar de asa-delta, caminhar no calçadão de Copacabana e se deliciar de uma água de cocô bem gelada na praia de Ipanema. Subir no Cristo Redentor de noite e ver as luzes se acederem de lá de cima, talvez andar de bondinho e ver a lua iluminando o mar. Pular em um show de rock ou sambar ao som de Jorge Ben. Talvez possamos encarar o frio congelante de Julho e descer nas serras gaúchas pra tomar chimarrão, ou podemos pegar um avião e ir pras Bahamas, ou uma ilha deserta. Que tal? Podemos fazer tudo isso, podemos também rodar o Brasil inteiro no nosso fusca detonado. Mas eu só iria se fosse pra ser com você, pra quando a noite chegar eu poder ver fotos de um cotidiano feliz, e poder viver no teu sorriso e no teu olhar a cada amanhecer e anoitecer.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O vago das lembranças

E por algumas horas fiquei sentada no meio do quarto, só depois dessas algumas horas reparei que estava ali naquele quarto vazio, sem vida e sem cor, naquele quarto todo branco...onde antes era tudo cor de rosa, era vivo, era vermelho, azul, roxo, amarelo, e de repente ficou branco, apenas branco. E eu reparei que estava ali sentada no meio de todo aquele branco, sentada no meio do quarto vazio, sem móvel algum, apenas com uma janela mau iluminada, me peguei lembrando de coisas que não estavam ali, lembranças de memórias coloridas e cheias, e que no momento branco e vazio do quarto não era apto e nem digno de tais lembranças, mas elas estavam ali. E mesmo vazio e branco, o quarto ainda tinha cheiro de tinta fresca e pra mim ainda tinha gostos, ele rodava como se houvesse festa e me prendia como se fosse filme. Olhei então pras paredes meio mau acabadas e reparei uns dois ou três pregos nela, havia marcas retangulares em volta, lembre-me dos quatros e consequentemente lembrei-me da comoda que ficava acomodada logo abaixo dos quatros, vi eles como se estivessem lá, e vi os portas-retratos em cima dela... vi o violão ao lado dela, o suporte da tv  do lado dos quadros, na parede da janela vi a cama e os ursinhos em cima dela, havia um guarda-roupa também, quase encostado na cama, uma escrivania e de um lado dela havia um diário e do outro um retrato seu. Fiquei parada olhando ele, mesmo sabendo que ele não estava mais lá, eu o vi... e quando percebi, estava parada no meio do quarto sem móvel algum, estava parada lembrando de coisas que não deveriam estar na minha cabeça.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

E de tantos Carnavais

E por mais um ano há 5 dias de pura alegria, observo as feição das pessoas e, ás vezes, acho que por usarem tanto as mascaras nestes dias, acabam fixando um pouco delas na face. Há tanta alegria, não há doentes, não há tristeza, há luz e sorrisos. Há coisas muito coloridas, e no sexto dia tudo fica cinza. As ruas se esvaziam como se houvesse uma guerra, não há mais sorrisos, nem luz, nem alegria... tudo se torna real novamente. Mas o que há nestes 5 dias que faz com que até os passarinhos pareçam voar com ar de alegria, faz com que tudo se torne alegria e pura diversão?
Ahhhhh é carnaval, ouça o som dos batuques, ouça o samba subindo por entre os pés e chegando a cabeça. Ouçam os gritos das crianças correndo de um lado pro outro. Observa as mascaras, olhe as roupas... aaahh Carnaval. Tudo tão claro, tudo tão feliz e todos pensam que deveria durar a vida inteira. Tudo se esquece, tudo se renova. Sinta o samba, o batuque ou o bate lata mesmo, olhe o sorriso das pessoas. E as caretas, e fantasias, e tudo que parece ser alegre. E então, tudo morre, com a cinzenta quarta-feira. Tudo morre: as mascaras caem, os batuques não são mais ouvidos, o samba é esquecido e por mais que você queira que aquele momento não acabe, chega a cinzenta quarta-feira. Adeus Carnaval de foliões alegres e sem problemas, olá vida real.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

João e Maria

E por um instante achei até que fosse um anjo deitado ao meu lado, mas era você. 

Observei tudo o que tinha pra observar: observei teu sono, teu corpo, teu cheiro, teu nariz, tua boca, tua respiração, o bater do seu coração, observei suas pernas, pés, mãos e braços, abdômen, costas, barriga, umbigo, orelha... até suas manchas, as pequenas manchas que tinha em sua corpo, suas cicatrizes. E me vi sorrindo por te ver dormir em meus braços. Parecendo louca que sorri a toa, eu sorri com cada movimento que fazia enquanto seu sono percorria, e parecia tão sereno, tão mistico. E eu feito uma pedra me enfeiticei pra você nunca mais sair de lá, deixei o efeito pra que nunca mais fosse pra longe de mim. Lembrei das coisas que passamos, lembrei do seus sorrisos, dos seus olhares que são tão indecifráveis, lembrei-me do jeito que pisca os olhos e do jeito que os fecha ao dormir, do jeito que mexe sua bunda quando anda, do jeito que mexe do meu cabelo enquanto fala. Lembrei-me do hálito de café que eu tanto odeio, e do gosto de bala que tua boca tem depois de fumar um cigarro. Lembrei-me das feições que faz quando eu falo, e da cara de bravo que faz quando não está bem. A sua cara amassada de sono e com as marcas da costura do travesseiro. E sorri ao lembrar do cheiro que tua pele deixou na minha. E me pego nos devaneios que tenho só de pensar em você. E acordei observando você deitado do meu lado. E por um instante achei até que fosse um anjo deitado ao meu lado, mas era você.