terça-feira, 28 de junho de 2011

Flores murchas.

Olho no vaso com as flores murchas, me lembro do tempo em que a primavera era melhor que o inverno. Lembro de quando tudo tinha um gosto diferente, um sabor distinto. Lembro da época em que tudo fazia sentido, o vinho era mais saboroso, o lanche da noite era mais gostoso. Lembro quando levantava em silêncio, com medo que meus pais acordassem e me desse aquela bronca. Lembro do medo de rabiscar as paredes e depois não conseguir apagá-las. Lembro das brincadeiras no quintal, dos banhos de mangueira, do sabor que tinha brincar no barro e não se importar em sujar as roupas. Lembro que antes a decisão mais difícil a ser tomada era tirar as rodinhas de apoio da minha bicicleta ou não. Lembro das coisas mais incríveis. Lembro das bonecas espalhadas pelo chão, dos brinquedos jogados pela casa, lembro que se eu tivesse um sonho ruim era só eu gritar e minha mãe estaria em instantes do meu lado, me mimando e me abraçando. Lembro das coisas simples da minha infância. Lembro das flores jogadas na calçada na primavera.
Quero aquele tempo de volta. Mas a única maneira de parar o tempo é em uma fotografia. Então pego os álbuns de fotos da infância e fico horas e horas olhando-as , vendo-as jogadas por toda a sala. Sozinha. Uma lágrima escorre pelo rosto e eu simplesmente não quero estar ali. A única coisa que eu quero é voltar, naquele tempo onde as flores não estavam murchas.

Emily Cohen

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Calada da noite.

Pode ser que você não volte, pode ser que eu não queira que você volte. Eu fico bem sem você. Eu não sei o que eu tô fazendo, mas eu sei que tenho que fazer. Eu queria mesmo te ter aqui. Só que eu sei que se você volta, eu me perco e se você vai eu me encontro, mas eu fico infeliz. Bate aquele aperto aqui dentro. Aquela dor. Meus dedos doem, minha cabeça lateja. Eu deito na cama e tudo gira. Está escuro lá fora e frio demais aqui dentro. Os únicos sons que eu escuto é o "tic-tac" do relógio e do meu coração pulsando.
Levanto da cama, vou até a cozinha. A luz do luar deixa um pouco iluminado meu caminho, agora ouço o barulho de carros, que de hora em hora passam pela rua. O silêncio me assusta. Ele grita e implora pela verdade. Não sei o que me agonia, mas há algo que me assusta. Ouço vozes, passos no jardim.

Não que eu me importe estar sozinha, eu já me acostumei a esquecer. Eu abro a geladeira, pego uma cerveja e bebo, isso se repete de 15 a 15 minutos durante uma noite inteira. Embriagada, então, pego o telefone e disco o teu número. Uma vagabunda qualquer atende. Falo besteiras e recebo um telefone desligado. Deito-me e começa tudo de novo.

Emily Cohen

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O trapézio de cada manhã.


E faz horas que eu tento não tentar te esquecer. Faz anos que eu tento não te querer. Mas isso só faz com que eu sinta mais, aquilo que eu não quero sentir.

3h00 : olho no relógio digital da cabeceira da cama, olho para o lado vejo o nada, olho para o outro: UM SUSTO. Depois disso não vi mais nada. Tentei me esconder embaixo das cobertas, tentei sair da cama e ir pra cozinha , mas o medo me consumava. Eu não queria ver mais aquilo.
Depois de revirar várias vezes pela cama, pego em um sono leve, como se qualquer barulhinho, seja o vento batendo na janela ou simples passos distantes na rua, me incomodavam. Tentei mais uma vez. Consegui.

6h30 : o relógio desperta e me prega um susto daqueles, já está na hora do café, mas eu não quero sair da cama. O dia seria longo e cinzento, eu queria ficar em casa. Não queria encontrá-lo pelos corredores da empresa. Não queria ter medo de vê-lo, não queria senti-lo.
Peguei o telefone, disquei o número da empresa, dei uma desculpa esfarrapada, voltei a dormir. Então sonhei.

SONHO: não saberia dizer se era bem um sonho ou se era realidade. Não sabia explicar o acontecia, mas eu compreendia e até gostava. Era um quarto de um motel vagabundo, ele se despia e queria me deixar louca, mas eu só queria sair daquele lugar nojento. Foi então que eu dei um basta, empurrei ele pra longe de mim. Mas ele não se contentou , ele queria mais. Veio pra cima , então sem pensar eu peguei o abajur, que era a única arma mais próxima de mim, e dei com toda a força em sua cabeça. Ele ficou desmaiado, e foi o tempo de eu fugir. Semi-nua, coloquei meu vestido e corri, sei lá pra onde. Chamei um táxi e fui embora. Eu não tinha pra onde ir , eu não tinha casa. Foi ai que eu o reconheci. Aquele mesmo rosto com o qual eu trombava todo o santo dia na empresa. Aquele rosto com qual eu sonhara tanto ter perto de mim. Um breve silêncio ecoou e depois disso a escuridão surgiu.

TELEFONE TOCA: uma voz rouca falando do outro lado da linha. Eu não acreditei. Fiquei parada, sem demonstrar sensações. Tentei controlar cada músculo do meu corpo. E então , a voz rouca disse: -Você está bem? , tentei mentir, mas não foi convincente. Aquele mesmo rosto que eu sonhara, agora estava preocupado  comigo. Finalmente, levantei da cama, cambaleie um pouco, desviei de algumas garrafas de whisky, jogadas pelo chão. E respondi, finalmente, a verdade : - Não , eu não estou bem. Eu quero você aqui e agora.


Emily Cohen

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tchau.


Ele só a queria e ela não via, depois que ele foi embora , ela passou a enxergar.

Era uma manhã diferente de todas as outras, ela como sempre em cima de seu skate e ele na sua bike fudida. Ele a viu . Ela não o viu. Chegaram na escola, se conheceram. Foram amigos, inseparáveis e inexplicavelmente, ela cuidava dele e ele cuidava dela. Todos os dias ele chegava, e ela sentada já em sua carteira, vinha e dava um beijo de BOM DIA na testa dela. Ela retribuía com um sorriso bobo. E assim foram dois anos. 
Até que um dia ele se foi. E ela ficou. Percebeu o quanto ele faria falta pra ela. Mas ela sabia que ele voltaria. Mesmo assim a despedida doía mais do que a partida. Ela não queria ele longe, ele não queria ela longe, mas foi assim que aconteceu. E agora ele tão longe dela, ela se sente perdida, não há ninguém que tire dela aquele sorriso bobo. 

Um dia ele voltou, mas não foi pra ficar, ele voltou porque a saudade apertou o peito. Ela , então, o viu. Correu ao encontro de seus braços, que a agarrou forte. Choraram juntos, riram juntos. Ele cuidou dela, num simples gesto. E deu aquele beijo na testa dela , e ela deu aquele sorriso bobo que há tempos não dava. Ele não queria larga-la e ela não o deixava em nenhum momento. Ela queria que ele ficasse, ele queria que ela fosse com ele. Mas eles sabem que aquele momento iria acabar. Passaram as horas. E ele teve de ir de novo embora. Aquela dor horrivel no peito volto. E agora eles se despediam. Mas um longo abraço surgiu. E o silêncio também. Ele a abraçou mais forte e disse:  " - Eu te amo minha pequena".  E ela : "-Eu te amo meu pequeno".  Olhos nos olhos , diziam o que o silêncio ocutava. Ele não queria ir, ela não queria que ele fosse. Mas foi isso que aconteceu, mais uma vez. Ele partiu e ela ficou. E a dor de ver ele virando as costas e dizendo : "-Tchau".

Ele vai voltar, um dia, sei lá quando, sei lá onde. Mas ele vai voltar.


Emily Cohen.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Só resta esperar.

Tudo o que resta agora é esperar. Esperar a chuva passar, esperar o sol abrir , esperar a felicidade chegar. Mas eu não gosto de esperar, gosto de fazer acontecer, gosto de surpreender (já que as pessoas não me surpreende, eu surpreendo) seja com erros ou com acertos. Com frases mesquinhas ou com frases de pura fofura. Eu caminho sozinha por não confiar em ninguém, sem confiança, sem ilusões. E sem ilusões , sem decepções.
Mas ai eu conheci ele. E tudo mudou. Mudou o rumo da história, mudou o sentido. De horário virou anti, de normal virou retardado, de igual virou diferente, de monótono virou a vida que eu sempre quis. Sem roteiro, sem direção, eu fiz a minha história junto com a sua vida.
E eu fui tão dele. E ele foi tão meu. E então de sonho virou realidade. Mas a realidade se tornou pesadelo. Foi aquele dia em que tudo se tornou nada e alegria se tornou desespero. Eu o esperei como todos os dias. Eu esperei ele chegar com carro na frente de casa, abrir o portão e guardar o carro. Esperei ele descer do carro e vir me abraçar, na cozinha, porque eu preparava o jantar. Ele abria aquele sorriso e dizia :  "-Querida, como foi o seu dia ?" . E me surpreendia com um beijo na testa , no rosto ou até mesmo aquele ardente beijo em minha boca. Ia pro quarto e me irritava deixando suas roupas jogadas por toda a casa. Mas me fazia bem. Ele ia pro banho, e deixava o banheiro todo molhado. E vinha se sentar a mesa comigo. Conversávamos sobre o trabalho e sobre o dia cansativo dos dois. Nos divertíamos, sem ao menos esperar e se ao menos terminar de jantar , estávamos nos agarrando em cima da mesa. E a noite rolava. E eu o amava.
Mas nesse dia ele não chegou. A única coisa que eu recebi foram as flores do almoço no serviço com um bilhete , escrito : "Você é minha razão, e eu te amo. P.S: hoje será um dia inesquecível". E foi, estava na cozinha preparando nosso jantar romântico, então o telefone tocou e depois disso eu morri. Ele havia ido embora, ele me deixou, e sim aquele dia foi inesquecível , foi o dia em que a minha razão de viver morreu. Foi o dia que eu morri. E me arrependo por não ter dito a ele todos os dias que eu o amava. E agora o que resta é esperar. Só esperar.

Emily Cohen

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Atrás da máscara.

E agora a única coisa que sobra de verdade é a saudade e a vontade de te ter mais perto. O céu estava claro, e em um piscar de olhos ele escureceu. Eu sinto sua falta, não tem sido simples sem você aqui. O sol morreu, e junto com ele meus dias iluminados. Ter que levantar todo o dia e me mostrar forte, me esconder atrás da minha máscara, me esconder atrás de sorrisos falsos e me esconder da minha dor. Não falar é a melhor coisa que eu faço, pois se eu falo eu não aguento e desabo. A falta de alguns amigos dói. Enquanto alguns não se importam com a minha presença, com a minha dor, eu me importo com eles. E você tão longe de mim, me faz mais fraca. Porque , eu sei , que se você estivesse comigo tudo seria mais fácil, mas você não está.

                                    Emily Cohen

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pela última vez.

Sabe eu simplesmente tentei não me preocupar, não dar a mínima para o que ele fazia ou deixava de fazer. Mas ultimamente tem sido constantes os pensamentos, os devaneios de que ele poderia voltar. passar e falar um: "Oi". Ultimamente ele vem na minha cabeça involuntariamente faz o meu coração disparar. E logo, aquela dor queima no meu peito, porque o fato de que ele não virá, machuca demais. Eu só queria poder ligar pra ele, pra ouvir a sua voz, perguntar se ele está bem, se está feliz ou se precisa de ajuda. Eu queria correr atrás dele na chuva e abraçá-lo forte, como se nada pudesse arrancar ele dos meus braços. Eu queria olhar nos olhos dele e dizer o quanto a ausência dele me mata, principalmente nesses dias chuvosos. Eu queria ele aqui do meu lado, neste exato momento, apenas para dizer que eu o amo e nunca deixarei ele sair da minha cabeça e do meu coração, por mais que eu não o veja, eu ainda sim vou amá-lo louca e apaixonadamente. Eu daria tudo pra te-lo   comigo, nem que seja pela última vez.

Emily Cohen

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tudo outra vez.

Queria poder te dizer, nem sempre é possível consertar tudo o que eu fiz. Sei que é difícil ter que admitir que errei, eu só sei que : eu faria tudo outra vez. Eu fiquei te esperando aqui até o dia amanhecer, está na hora de decidir se vai ou quer ficar. Se eu fui embora algum dia , foi só pra te proteger. Vê se volta pra casa , eu quero te ver.
Nem sempre eu quis aceitar, o que eu fiz foi escolher pra onde ir , sem saber onde andar. Eu já me perdi, quase não consigo mais voltar. Mas eu só sei que eu faria tudo outra vez. Eu fiquei te esperando aqui até o dia amanhecer, está na hora de decidir se vai ou quer ficar. Se eu fui embora algum dia , foi só pra te proteger. Vê se volta pra casa , eu quero te ver.  Eu faria tudo outra vez. Queria poder te dizer. 

                                        (Glória - Tudo Outra Vez)
                                                                                        Emily Cohen

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Esperando por você

Já se passaram meses que eu não te vejo, vem chegando Junho e eu ainda não te vi. Chegando os dias dos namorados e mais uma vez eu vou passar sozinha, sem ninguém, não que eu me importe, mas só para constar. O verão já passou, o outono está indo embora e o inverno está chegando. Quando não se tem  nada pra esquentar suas pernas, as noites parecem mais frias do que o esperado e os dias mais compridos. E então, eu fico aqui , esperando o inverno chegar e passar como se não existisse nada. Você não estará aqui , e eu sei que será difícil. Mas, ainda sim, estarei aqui. Esperando por você.
Hoje , eu pensei mais em você do que deveria, comecei a ver teu rosto em cada um que via passar. Acho que é loucura, mas eu te quero mais do que qualquer coisa. Antes o frio não faria diferença se você estivesse comigo, pois você me esquentaria, me cobriria com seu amor bobo e com os seus braços. Aqueles mesmo braços que eu amava apertar. Aqueles mesmos braços que me fazia delirar. E meu olhar subia ao seu pescoço, e então, chegava ao seus olhos, aqueles olhos perfeitos. Aqueles olhos cor de mel, que me hipnotizava, e ai você sorria, me chamava de boba e me abraçava forte. Isso faz falta. Faz falta aquele seu abraço de urso que me sufocava, faz falta aquela sua voz rouca, faz falta andar no seu carro sujo e ouvir músicas que fazia com que nós nos desligasse do mundo. Me faz falta tudo aquilo que estava com você. Me faz falta você.

                                        Emily Cohen