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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um adeus severo

Eu não vou mais implorar pra vê-la chegar, nem pedir pra ela me levar. Nem tampouco me divertir quando ela aparecer. Só quero que ela chegue silenciosa e rápida, sem dor e sem angústia. Mas espero que ela chegue agora, não quero esperar a hora, só quero fazê-la acontecer. Quero saber como é a dor, as visões da outra vida. Quero viver meu sentido maior, porque aqui já nada mais existe. Já morri e sobrevivi por longos tempos, por longos períodos, mas desta vez eu não quero mais. Quero apenas morrer. Morrer. M-O-R-R-E-R, que palavra medonha, mas também chamativa. Quem sabe até suculenta seja ela. Mas um tanto quanto tardia. Esperar? E morrer esperando ela chegar? É essa a ideia, esperar? Acho que não. Então, adeus aos amigos, adeus aos familiares, adeus a tudo. Já não me faço em terra, não posso mais navegar no mar, não posso sentir o vento enquanto voava e muito menos sentir a doçura do mesmo. Hoje não quero mais ver o sol. Não quero mais viver de luz. Quero achar o meu sentindo em vida, mas talvez ache-o com a morte. Adeus, amigos. Adeus.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Dissipando o tempo



Oque pode acontecer em um minuto da sua vida? Você pode morrer de rir, morrer de chorar, andar por um minuto, sentar por um minuto, aguardar um minuto, ficar só mais um minuto, entender um minuto, contar um minuto, sorrir, você pode ganhar e perder em um minuto. Pode ser rico e em um minuto ficar pobre ou pode ser pobre e em um minuto ficar rico. Talvez em um minuto você possa ver uma vida nascer, ou infelizmente vê-la morrer. Você pode ser feliz por um minuto, ou triste por um minuto.
 Mas o que você faz com o seu um minuto? Você vive?
 Em um minuto de olhos fechados perdemos um milhão de coisas. E um minuto com os olhos abertos perdemos um milhão de coisas também, porque não prestamos atenção nelas.
 O que perdemos no minuto em que fechamos os olhos para dormir? O que perdemos enquanto perdemos tempo com coisas poucas, tempo esse que não temos. Tempo esse que voa, que passa num minuto. Tempo que vivemos em terra tentando encontrar tempo pra poder arrumar um minuto para as coisas realmente importantes. E que, talvez em sua maioria das vezes, perdemos esse mesmo tempo tentando achar o sentido de viver, perdendo tempo procurando respostas para perguntas não feitas ou tentando achar perguntas para as respostas soltas. Perdemos tempo demais achando que a vida não vai acabar, e não percebemos que o minuto que se perde tentando é igual a um minuto que perde ganhando. Que o mesmo minuto que te faz feliz é o mesmo que te faz triste. E que se deixarmos o tempo de lado e apenas viver, ai sim teremos todas nossas questões internas e externas resolvidas. Mas somente quando deixarmos de ver o tempo e o minuto como inimigo, e começar a vê-lo como aliado.

sábado, 13 de julho de 2013

Canto para não chorar

"Eu, menina ingênua, abobada, como pude. Logo eu, assim tão fácil  de cernir de tão pouco de ti e mesmo assim morrer amando-te. Morrer querendo-te. Logo eu, que viva a tagarelar feito louca de como o amor era patético, e de como tornava as pessoas hipócritas. Justo eu, me soltei levei, feito pena que é carregada pelo vento, me entreguei simples e intensa feito a bailarina se entrega ao palco, às luzes. E muito de mim, ainda é pouco, e pouco de mim ainda é muito. É calmaria e vendaval. Sol e lua. Fogo e água. É bobagem, talvez tolice ou só egoísmo. Mas, assim de cara, logo eu que não me entregava, não me soltava, não me sentia. 


De sua eternada amada, Anabell" 


Assim estava escrito no bilhete. Pouco dela restou, hoje só um laço vermelho que ficou socado no fundo do baú e seu bilhete com marcas d'água colocado no fundo. O laço vermelho me lembrou das bochechas dela, tão avermelhadas quando sorria pra mim. O bilhete, me fazia chorar quando a dor era forte. Lembrei-me do batom que ele comprara, mas nunca usara. O vestido que caia perfeitamente em tuas curvas. Teu lindo sorriso quando me via. Lembro-me de quase tudo dela, só não me lembro como a perdi. Se foi o mar que a engoliu, ou a tempestade, ou o navio, não ficaria surpreso se ela fosse levada por eles, ela era a imagem perfeita de algo absurdamente leve, calmo. Todos desejavam, talvez o mar tivesse inveja de mim por te-lá em meus braços, pois quando corria brincando com ela à beira mar, ele sempre vinha jogar tuas ondas em cima de nós, como se quisesse tirá-la de mim. E o vento, que sempre desarrumava o cabelo dela, mas ela era linda de qualquer jeito. Então, o navio... esse talvez tenha sido o mais sortudo, por levava de mim, e da terra. Aquele olhar tão complexo, e assustado que me olhava antes de embarcar, o sorriso de tristeza que pusera no rosto... essa foi a última imagem que tenho em mente dela. O último momento que a vi. Ela guardava, em seu baú o vestido, o batom, o bilhete e o laço. Mas nunca voltara para vesti-los, para alegrar meu olhar e aquecer meu coração com aqueles lindos olhos, me agradar com deleite e poder por fim chamá-la de minha. Nunca voltou...nunca. Talvez achassem que era coisa demais guardar aquele sorriso só para um homem, um pobre homem, talvez me achassem feio demais, imperfeito, sonhador, louco. Nunca a devolveram a mim. E eu sonhei com ela chegando, no horizonte, dando sinal de "oi" com teu lenço azul céu, não teve uma noite sequer que eu não sonhasse com ela voltando aos meus braços, sorrindo e dizendo o quão abobada estava minha feição. E eu morri com ela naquela tempestade, minha vida fora escrita à ela. Não havia nada sem ela, nada. Nem sequer um grão de areia. Eu sobrevivi sem ela, mas com a esperança que a encontraria ainda. Eu sonhei com ela até o dia que me desmancho em lágrimas a escrever isto. Talvez a encontre agora... agora que meu coração quase não bate, que meus pulmões quase não funcionam, que meus rins morrem aos poucos, agora que meu cérebro já não se lembra das palavras ditas a segundo atrás. Talvez eu a veja sorrindo ao me encontrar, ela com seu lenço azul, acenando ao me ver chegar. Talvez ela se lembre de mim, e corra entre as nuvens pra vir me abraçar. Ou talvez passe despercebido. Prefiro acreditar que ela se lembrará de mim. E por fim, conseguiremos nos beijar, nos abraças, ser felizes, mesmo que em outro plano ou que apenas sentemos à beira mar e ele veja que ela era e sempre foi minha. E assim, poder desfrutar do amor que sonhei todos os dias na minha passagem em terra.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um tal conto de um ponto diferente

Eles dormiam e acordavam juntos, sem nem perceber que estavam juntos. Ele a amava, ela o amava. Eles queriam ser um, mas eram dois. Queriam ser dois, mas eram um. A rotina desgatou um amor que não se acabou. A dor tomou conta de algo que não dói. A solidão se fez, mesmo eles sabendo que não estavam sozinhos. A alegria nos olhos passou, apenas, a ser motivo do sorriso dos filhos. Lutavam, lutavam, mas não saiam do lugar. Procuravam, procuravam, as não se achavam. O tempo morreu para eles. A mente matou o que ainda está vivo. Eles figem se odiar, eles amam se matar todos os dias porque não vão desistir do que ainda resta desse amor. Por isso ainda vivem juntos, dormem e acordam no mesmo lugar, brigam e desbrigam pelos mesmo motivos, vivem e morrem juntos, sem nem perceber.

domingo, 26 de maio de 2013

Ôh, Senhora da Morte.

Preciso de tempo e espaço, preciso de choro e afago. Preciso do céu e das estrelas. Preciso da lua e do sol. Preciso do velho e da velha, preciso do moço e da moça. Preciso do pai, da mãe, do irmão, da irmã. Ôh, Senhora! Com licença, você entrou na frente da gente e levou que nós amávamos. Ôh, Senhora! Por favor, isso é falta de educação e apreço. Nem foi convidada a entrar. Ôh, Senhora... a Senhora mesmo, de preto, que sorri no leito de morte agora. Por favor, vá embora e deixo-nos aqui. Ôh, Senhora, leva está foice pra longe...leva pra longe esse sorriso sarcástico, leva pra longe, leva essa dor que a Senhora trouxe, leva esse manto negro embora. Mas deixa nossas vidas aqui, não as leve. Leve a minha, mas não as deles. Não traga mais dor pro peito velho de meu pai, nem pro coração frágil de minha mãe. Vá embora, ôh Senhora da Morte, e leve contigo a dor. Mas não leve mais ninguém, leve só a dor. Só ela. Só ela.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Vida real

E olha só, moreno, onde viemos parar? Estamos planejando nosso lar, nosso futuro. Talvez não sejamos mesmo o casal perfeito do tipo "Jhonny and Junne". Não somos loucos de pedra, mas não somos normais. Somos o tipo perfeito do casal imperfeito. E eu já penso nas nossas brigas, daquelas feias sabe que vão ficando piores com as guerras de almofadas na sala, as guerras de pipocas e depois a faxina, as nossas brigas pra ver quem vai lavar a louça, ou quem levantar por último arruma a cama, as toalhas molhadas em cima da cama, nossas roupas espalhadas e eu te xingando por não saber se organizar, e ficar o dia todo enfiado com a cara no computador, e você dizendo que eu fico o dia todo com a cara enfiada nos livros. Mas mesmo assim, a gente vai deitar um do lado do outro na cama e rir pelas piadas sem graça ou pelas caras e bocas, pelas nossas palhaçadas, vamos dormir abraçados e acordar juntos. Vamos nos deliciar na sexta de madrugada com algumas cervejas, um filme ou um desenho. No sábado a noite vai ser o dia do casal, e nossos amigos vão pra casa pra gente aproveitar com eles. Domingo, aaaaaaaah o domingo será o dia de passar o dia todo na cama, você me mimando e eu fazendo um chocolate pra nós, talvez um café pra ti. A semana começa e nós vamos a luta, eu te acordo, você me ama, eu te amo e você me beija. Assim será nossa vida, não perfeita, porque não seria engraçada, será linda, apenas real. Será nossa, e isso já vale a pena.