sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

João e Maria

E por um instante achei até que fosse um anjo deitado ao meu lado, mas era você. 

Observei tudo o que tinha pra observar: observei teu sono, teu corpo, teu cheiro, teu nariz, tua boca, tua respiração, o bater do seu coração, observei suas pernas, pés, mãos e braços, abdômen, costas, barriga, umbigo, orelha... até suas manchas, as pequenas manchas que tinha em sua corpo, suas cicatrizes. E me vi sorrindo por te ver dormir em meus braços. Parecendo louca que sorri a toa, eu sorri com cada movimento que fazia enquanto seu sono percorria, e parecia tão sereno, tão mistico. E eu feito uma pedra me enfeiticei pra você nunca mais sair de lá, deixei o efeito pra que nunca mais fosse pra longe de mim. Lembrei das coisas que passamos, lembrei do seus sorrisos, dos seus olhares que são tão indecifráveis, lembrei-me do jeito que pisca os olhos e do jeito que os fecha ao dormir, do jeito que mexe sua bunda quando anda, do jeito que mexe do meu cabelo enquanto fala. Lembrei-me do hálito de café que eu tanto odeio, e do gosto de bala que tua boca tem depois de fumar um cigarro. Lembrei-me das feições que faz quando eu falo, e da cara de bravo que faz quando não está bem. A sua cara amassada de sono e com as marcas da costura do travesseiro. E sorri ao lembrar do cheiro que tua pele deixou na minha. E me pego nos devaneios que tenho só de pensar em você. E acordei observando você deitado do meu lado. E por um instante achei até que fosse um anjo deitado ao meu lado, mas era você.

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