E foi um dia qualquer, passado de uma maneira qualquer: corações acelerados, hormônios aflorados, mas ela não sentia nada. Parecia estagnada, os outros sentiam tanto e ela não sentia nada. Sentamos a beira do mar pra poder observar a paisagem, haviam tantos casais felizes ao redor, pareciam esquecer o mundo cruel em que foram criados, e ela os observava, acho que sem entender, nem eu entendia. Olhamos as ondas vindo e molhando os nossos pés na areia úmida, ela só quieta. Parecia que havia algo incomodando ela, ou pelo menos lhe faltando. Sei que ela sabia disfarçar bem, seus sorrisos eram quase perfeitos, mas eu conhecia bem, sabia a verdade. Lhe faltava um pouco de paz. E enquanto acompanhávamos o sol morrer, deitamos na areia pra tentar observar as nuvens, ela não quis ficar por muito tempo observando, sentou-se com a cabeça nos joelhos. Perguntei se ela queria continuar vendo o céu do quintal da minha casa, a areia estava ficando quente demais pra mim. Andamos até lá, e como lá a beira mar, ela não quis deitar, ela não quis olhar o céu. Deite-me pra ver a dança das nuvens e acho que por um breve segundo vi o brilho das lágrimas dela.
Izabelle Tomazetti
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