Medos

Era uma tarde cinza , como outra qualquer no inverno. O vento batendo na janela e eu lá a esperar, sem saber o que esperava. Nunca me passava pela cabeça sentir medo do mundo lá fora, mas por fim esse dia chegou e eu senti medo de viver lá fora, tive medo de estar sempre em caminhos errados e tive medo de estar sozinha.
Nessa tarde cinza, imaginei se havia alguém que pudesse me mudar, mas não havia. Nessa tarde , pra falar a verdade, eu não sentia nem a metade do inteiro que eu sinto.
Eu tive medo de morrer e tive medo de viver. Não existiu o meio termo, era matar ou morrer. E eu escolhi: MORRER, mas não pude. A dor que me consumava olhando aquele céu cinza, quase negro, sem poder respirar, sem poder ver, sem poder morrer.
Mas depois desse dia alguma coisa mudará, meu pensamento mudará, e eu me tornará finalmente MULHER. Percebi que de nada adiantaria a coragem se não fossem os medos. Percebi que a confusão nos ajuda a simplificar as coisas. Mas os medos ainda fazem parte do meu eu, do meu inteiro eu.
Na verdade o que eu quero, é não querer!

                                                        Emily Cohen