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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Aconchego

Ei, menino.
Pode entrar. Seja bem-vindo. Se aconchegue aqui, fique a vontade. Entre, sente no sofá, coloque os pés pra cima, pegue uma almofada, brinque com o cachorro, faça o que quiser. Fique a vontade. Revire tudo, bagunce meu quarto e meu cabelo. Pode abrir a geladeira e pegar uma cerveja bem gelada. Aqui é tudo seu também. Entre, não fique ai só me olhando. Se aconchegue na poltrona, te trago café se quiser. Entra e fica a vontade. A casa é sua também. Só não mexa naqueles papéis. Porque eles escondem o passado. Só não veja aquelas fotografias, elas machucam aqui dentro ainda. Mas fique a vontade. Ah, não entre naquela sala, ela guarda alguns segredos, mas fique a vontade na minha casa. Pois minha casa é sua também. 
Sinto muito se não posso destrancar aquele comodo, mas é que meus medos estão trancados lá sabe, e se eu abrir cai tudo. Desculpe não poder abrir aquela sala, mas é muito cedo ainda pra descobrir os meus segredos. Não quero que mexa nos papéis do passado, porque eles são complexos demais pra você entender e talvez porque não queira que fique no meu passado. Me perdoe se não quero que mexa nas fotografias antigas, é que nelas eu tenho um sorriso feliz, e isso dói de lembrar, porque eram falsos sorrisos, elas ainda escondem o meu todo. Mas, por favor, sinta-se a vontade, tome meu café, coma minha comida. E se não gostar, diga. Porque melhorarei, pra sua próxima visita. Menino, fique a vontade, a casa é sua e meu coração também. 
Ei, menino, se aconchegue por aqui, aqui no meu abraço.

Emily Cohen

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